Adultização nas Redes Sociais: o que os pais precisam saber para proteger juridicamente seus filhos
- Ana Beatriz Araújo Cerqueira

- Aug 13
- 3 min read
Updated: Aug 19
Você já parou para pensar que as redes sociais, mesmo parecendo inofensivas, podem estar antecipando etapas da vida de crianças e adolescentes? Esse fenômeno, chamado de adultização, está cada vez mais presente — e, além de impactos emocionais, traz riscos jurídicos para toda a família.
Neste artigo, explico de forma simples o que é adultização, quais são as leis que protegem menores no Brasil e como pais e responsáveis podem agir para evitar problemas.

O que é adultização?
Adultização é a exposição precoce de crianças e adolescentes a conteúdos, comportamentos e responsabilidades típicos de adultos. Nas redes sociais, isso pode acontecer quando menores:
Consomem conteúdo sexualizado ou violento;
Sofrem pressão estética e de consumo;
Participam de debates e polêmicas adultas; e
Interagem com desconhecidos que assumem papéis de adultos.
Proteção jurídica no Brasil
A legislação brasileira protege crianças e adolescentes de forma ampla:
Constituição Federal, art. 227: dever da família, sociedade e Estado de proteger contra negligência, exploração, violência e discriminação.
ECA (Lei 8.069/90): proíbe a exposição a conteúdos impróprios e prevê punição para quem coloca menores em risco.
LGPD (Lei 13.709/18): exige consentimento específico dos pais para uso de dados pessoais de menores.
Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14): garante direito à remoção de conteúdos ilícitos ou que violem direitos de personalidade.
Riscos para pais e responsáveis
Muitos pais não percebem que também podem ser responsabilizados caso:
Publiquem ou autorizem imagens sexualizadas de seus filhos;
Permitam uso das redes sem supervisão, resultando em danos (ex.: cyberbullying ou aliciamento);
Exponham excessivamente a vida da criança, facilitando o uso indevido por terceiros (sharenting).
Como prevenir problemas
Não ignore a idade mínima das redes (13 anos na maioria). Criar conta antes disso, mesmo com supervisão, é burlar regras e expor seu filho a riscos que você não controla.
Supervisão não é espiar de vez em quando: é saber com quem seu filho fala, que páginas segue e que conteúdo consome, todos os dias.
Privacidade não é luxo: ative todas as configurações possíveis e nunca permita geolocalização ou publicação irrestrita de fotos.
Converse de forma firme sobre segurança digital: explique que não se fala com estranhos, não se compartilha informações pessoais e que “nada some da internet”.
Participe ativamente da vida digital do seu filho: siga os mesmos perfis que ele, saiba o que posta e com quem interage.
Entenda: omissão também gera responsabilidade. Se algo acontecer por falta de cuidado, o dano atinge a criança — mas a conta pode chegar para você.
Quando buscar ajuda jurídica
Não espere o problema virar notícia ou boletim de ocorrência para procurar um advogado. O apoio jurídico serve não só para agir depois do dano, mas principalmente para prevenir e orientar.
Um advogado pode:
Explicar quais medidas legais tomar antes que a situação piore;
Orientar sobre como registrar provas de conversas, imagens e publicações;
Ajudar a configurar perfis e limitar exposição para evitar riscos futuros;
Intermediar contato com plataformas para remoção rápida de conteúdos;
Encaminhar denúncias ao Ministério Público ou à polícia de forma estratégica;
Avaliar se há direito a indenização e qual o melhor momento de cobrar judicialmente.
Exemplos práticos para procurar ajuda imediata:
Recebimento de mensagens suspeitas ou de conteúdo sexual por parte de estranhos;
Descoberta de que fotos do seu filho estão circulando sem autorização;
Casos de humilhação pública ou ameaças por colegas de escola; ou
Percepção de mudança brusca no comportamento da criança associada ao uso da internet.
💡 Lembre-se: buscar aconselhamento jurídico cedo pode evitar um trauma maior, economizar tempo e impedir que o problema se agrave a ponto de exigir uma ação judicial longa.
🔎 Conclusão
As redes sociais fazem parte da vida moderna, mas a proteção da criança e do adolescente é um dever jurídico e afetivo. Estar presente, estabelecer limites e buscar apoio especializado quando necessário é fundamental para garantir segurança e desenvolvimento saudável.
📞 Se precisar de orientação jurídica para proteger seu filho de riscos online, entre em contato comigo.


Comments